Rest Energy, uma representação da Dependência Afetiva.
Marina Abramovic é uma artista sérvia conhecida por suas performances provocativas. A performance é uma modalidade artístisca caracterizada pelo sincretismo entre diversas formas de arte com o corpo. Durante muitos anos Marina trabalhou com seu companheiro Ulay, até que decidiram tomar caminhos diferentes, antes disso, no entanto, seus trabalhos juntos exploraram diversos aspectos de sua relação, incluindo uma discussão sobre Dependência Afetiva.
Nessa performance de 1980, Marina segurava um arco enquanto Ulay o puxava, apontando uma flecha diretamente para seu coração, ao mesmo tempo que os dois se inclinavam para trás com a intenção de ir aumentando gradativamente a tensão da arma. Durante a performance, um microfone transmitia aos espectadores o som dos batimentos cardíacos dos dois artistas. Quanto mais eles aumentavam a tensão da flecha, mais perigoso ficava. Para Marina a performance falava de um estado de confiança total.
Neste trabalho os dois artístas construíram uma representação das relações afetivas marcadas por uma entrega profunda e ao mesmo tempo dependente. As relações humanas certamente são marcadas pela abertura e integração de dois horizontes. Essa sensação de proximidade é inspiração de muitas obras e compõe históricamente as fantasias românticas, das quais podemos destacar o mito plantônico das almas gêmeas, que propõe a imagem de um ser humano literalmente cindido que precisa buscar a sua outra metade a fim de reintegrar-se.
A idealização dos relacionamentos
No entanto, apesar da idealização recorrente a realidade é mais complexa que o romance platônico, esse sonho de integração com um outro parece ficar circunscrito no campo mítico. Na prática somos seres humanos únicos, com desejos e histórias de vidas singulares, que decidímos, ou não, caminhar juntos.
Apesar disso quantas vezes não nos esquecemos disso e mergulhamos em um profundo medo da separação? Eventualmente nos tornamos tão dependentes da relação que é como se a ausência do outro pudesse, de fato, acarretar em uma flechada no coração, um risco a nossa existência, como representaram Marina e Ulay.
Refletir sobre o modo de ser das nossas relações com os outros e com nós mesmos, é um exercício interessante de se fazer constantemente, pois permite o direcionamento mais consciente da construção de relações mais significativas para os envolvidos e pode prevenir a manutenção de aspectos nocivos que podem se manifestar em qualquer relacionamento.
Você está ou já esteve em uma relação de dependência afetiva? Procure ajuda psicológica.
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