Muitas pessoas ao buscarem informações a respeito de cirurgias eletivas como: vasectomia/laqueadura, cirúrgia bariátrica ou de redesignação sexual se surpreendem com a etapa da avaliação psicológica. Normalmente, ela chama a atenção por ser obrigatória para essas cirurgias mesmo no serviço particular, mas muitos outros procedimentos recomendam uma avaliação psicológica prévia. Essa avaliação tem em vista avaliar a condição psicológica atual do paciente, compreender e esclarecer as expectativas que ele tem sobre o tratamento, e identificar e orientar sobre os riscos e cuidados do pós-operatório.

Em primeiro momento é importante destacar o que seria uma avaliação da condição psicológica atual. Esse conceito pode gerar dúvidas, pois ainda existe um mito que entende o nosso estado mental como estático e que psicólogos cuidam apenas de pessoas que possuem um grave sofrimento. Essa perspectiva está errada, porque todas as pessoas passam por flutuações naturais no campo psicológico, assim como o nosso corpo que se modifica ao longo da vida, ora precisando de mais cuidado, ora de menos. Com isso, é normal que tenhamos momentos em que estamos mais fragilizados ou incertos; os quais podem não ser o momento ideal para passar por um procedimento cirúrgico. Assim, a avaliação se propõe a identificar o melhor momento para a saúde integral do paciente.

Além disso, as pessoas que passarão por uma cirúrgia precisam estar conscientes do que esperar do procedimento. É importante ter clareza sobre o que esperar da intervenção, como se preparar no período que antecede a cirúrgia e qual a eficácia que ela tem para o problema em questão. Isso deve ser feito porque é normal criar expectativas sobre o procedimento, afinal busca-se com ele uma melhoria na qualidade de vida. No entanto, isso pode gerar expectativas maiores e consequentemente frustrações, para evitar isso a avaliação busca construir junto com o paciente uma ideia mais precisa e realista.

Deve-se ainda elucidar os requisitos do pós-operatório, pois cada cirurgia possui seu próprio tempo e cuidados essenciais para a recuperação. Então, a avaliação psicológica busca prover ao paciente um espaço de planejamento pessoal a respeito desses cuidados. Busca ainda refletir sobre as mudanças esperadas no corpo após o procedimento. Afinal, qualquer procedimento cuasará mudanças, que pode ser desde uma pequena cicatriz a mudanças muito mais complexas e é fundamental que o paciente esteja preparado para isso, para que o tratamento não se torne uma fonte de incômodo ou sofrimento.

Diante disso, muitas vezes em ambientes hospitalares psicólogos são acionados para avaliar os paciente nas mais diversas cirurgias, visando preparar o paciente de modo mais completo possível e prevenindo uma série de problemas. E, com isso, a legislação tornou a avaliação psicológica mandatória para algumas cirurgias que possuem caráter irreversível e por isso demandam do paciente o maior esclarecimento possível.